O ano era 2002. Ainda dava meus primeiros passos no descobrimento desse novo estilo que estava começando a ouvir. Como todo adolescente da minha geração, fui iniciado nos caminhos do rock ouvindo bandas como Legião Urbana e Guns N' Roses. Cada vez mais interessado nesse tipo de som, e depois de tantas fitas K7 gravadas de amigos (sim, esse ainda era o formato de música que eu ouvia à época), era a hora de dar um passo além. Sim, estava decidido a comprar meu primeiro CD. Ainda não sabia qual seria, nem o impacto que ele teria na minha vida pelos anos seguintes.
Ao passar por uma das únicas lojas que vendiam discos originais na minha cidade natal à época, me deparei com alguns CD's de uma certa banda chamada Iron Maiden. Conhecia um pouco o grupo após a sensacional apresentação deles no Rock In Rio do ano anterior, e também tinha gravado em fita K7 o último lançamento deles - Brave New World. Após admirar por alguns longos minutos a vitrine com tantas capas magníficas, me chamou a atenção em especial uma certa ilustração com um cyborg monstruoso na capa, que também era recheada de outros detalhes, que eu viria a descobrir alguns anos depois.
Não pensei duas vezes. Comprei na hora o esse disco com a capa mais bela da vitrine, chamado Somewhere In Time. Paguei caro. Na época era quase quarenta reais o disquinho simples, com faixa multimídia. Hoje acharia um absurdo pagar por esse valor, mas pra um jovem adentrando na vida adulta, pouco importava o preço, só queria chegar em casa e apreciar esse disco, imaginando que se a música fosse tão legal quanto sua capa, estava levando uma verdadeira obra de arte para minha residência, e justificando pagar tanto.
E era.

Sobre o disco - que contou mais uma vez com a produção sempre certeira de Martin Birch - é inevitável mencionar a característica sonoridade levemente mais comercial deste trabalho, com algumas referências ao hard rock americanizado que era executado à exautão nessa época, o qual podemos constatar na sensacional "Stranger In a Strange Land", e em várias passagens de outras composições. Assim como seu antecessor, Somewhere In Time também foi composto e gravado em Nassau, nas Bahamas, e também em Hilversun, na Holanda. Dessa vez, o líder soberano Steve Harris não estava sozinho à frente das composições, que contaram em grande parte com o brilhantismo do guitarrista Adrian Smith. Autor principal de três das oito músicas do disco, Smith direcionava cada vez mais o som para caminhos mais melódicos, tão intenso em peso quanto os trabalhos anteriores, mas com uma sonoridade mais limpa e cristalina. As composições de Dickinson, que até Powerlave ainda apareciam com alguma frequência, não foram utilizadas neste disco.
Somewhere in Time foi minha porta de entrada na discografia dessa que é uma das minhas bandas favoritas desde sempre. Até hoje considero esses pouco mais de cinquenta minutos registrados em disco como alguns dos melhores momentos já registrados em disco pelo Maiden. O valor nostálgico desse disco, que hoje pode até soar datado, é bem maior do que o preço pago pelo mesmo.
P.S.: Finalizando o texto, descobri que por absoluta e incrível coincidência, completam-se hoje exatos 28 anos do lançamento de Somewhere In Time. Para comemorar, voltarei para algum lugar do tempo (ops) ouvindo esse maravilhoso disco. :)
Músicas:
01 - Caught Somewhere in Time
02 - Wasted Years
03 - Sea Of Madness
04 - Heaven Can Wait
05 - The Loneliness of the Long Distance Runner
06 - Strange in a Strange Land
07 - Dejà Vu
08 - Alexander the Great
Por Tiago Neves